Promovido pela Ufal, com apoio da Fapeal, evento reuniu pesquisadores do Brasil e exterior em debates sobre informação, tecnologia e sustentabilidade
Tárcila Cabral

O papel da informação e da tecnologia na preservação da memória, no desenvolvimento sustentável e na construção de uma sociedade mais inclusiva esteve no centro das discussões do VII Seminário Internacional de Informação, Tecnologia e Inovação (SITI), realizado de 1 a 7 de outubro, no Polo Tecnológico do Jaraguá.
Promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), o evento contou com o apoio da Secretaria de Estado da Ciência, da Tecnologia e da Inovação (Secti) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal).
Durante os sete dias, o seminário reuniu pesquisadores, professores, estudantes e gestores públicos em torno da temática “Informação e tecnologia para sustentabilidade: caminhos para uma práxis inovadora”, debatendo como a ciência da informação pode responder aos desafios éticos, ambientais e sociais da era digital.
Para a coordenadora do evento, Rosaline Mota, também gestora do programa, o seminário reforçou o papel da Fapeal e da Secti na construção de políticas públicas voltadas ao conhecimento e à inovação.

“A Fapeal tem sido uma parceira indispensável do SITI e de toda a comunidade científica alagoana. Sem o apoio da Fundação e da Secti, não teríamos como realizar um evento dessa magnitude, com tamanha diversidade de temas e de participantes. Esse incentivo tem possibilitado debates fundamentais em uma sociedade marcada pelo consumo tecnológico e pela necessidade urgente de sustentabilidade”, frisou Rosaline Mota.
Preservar o passado para transformar o futuro
Um dos momentos relevantes do seminário foi a mesa “Digitalização e guarda de documentos: antigos desafios e novas perspectivas”, que abordou o papel das instituições na preservação da memória histórica e cultural de Alagoas.
A palestra do pesquisador à frente do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) da Ufal, Danilo Marques, sensibilizou a audiência ao apresentar a trajetória de 45 anos do grupo, um dos mais antigos e simbólicos espaços de resistência e produção de conhecimento sobre as populações negras e indígenas do país.

“Nosso acervo reúne fitas cassete, atas, cartazes e fotografias que documentam a luta dos movimentos sociais em Alagoas, desde os anos 1980, contra o racismo e pela democratização do país”, explicou o pesquisador.
O projeto de preservação desenvolvido pelo Neabi, em parceria com o Laboratório de Gestão Eletrônica de Documentos (Laged), Museu Théo Brandão (MTB) e o Centro de Pesquisa e Documentação Histórica, foi um dos destaques do painel.
Apoiado por meio de edital da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o trabalho envolve a digitalização e o tratamento técnico de centenas de documentos que narram o processo histórico do tombamento da Serra da Barriga e a consolidação do movimento negro no estado.
“Cada fotografia e cada ata preservada representam um pedaço da nossa memória coletiva, e é isso que o Neabi tem buscado resgatar, com apoio de instituições como a Fapeal, que têm valorizado a ciência e a preservação da memória alagoana”, completou ele.
Laged: laboratório que transforma memória em conhecimento

Outro destaque da programação foi a apresentação da jornalista Simoneide Araújo, coordenadora da Assessoria de Comunicação da Ufal, que apresentou os resultados do trabalho desenvolvido pelo Laged — laboratório também coordenado pela professora Rosaline Mota — na digitalização e formação do Acervo Imagético Manoel Mota.
A gestora relembrou que o acervo, composto por quase 17 mil fotografias históricas registradas ao longo de seis décadas, estava guardado de forma inadequada até o início de 2024.
Com o suporte técnico do Laged e a parceria da Pró-Reitoria de Gestão Institucional, o material foi restaurado, digitalizado e catalogado, resultando na criação do site imagens.ufal.br, que abriga todo o acervo e o torna acessível à sociedade.
“Esse projeto nos enche de orgulho. Hoje, temos a certeza de que a memória institucional da Ufal está preservada. A digitalização não é apenas uma solução tecnológica, mas um compromisso com a história da universidade e com a sociedade alagoana. É uma forma de devolver à população o resultado do investimento público em ciência e cultura”, afirmou Simoneide Araújo.
O acervo homenageia o servidor Manoel Mota, primeiro técnico em cinematografia da universidade, e foi lançado oficialmente durante o SITI.
Fapeal e o fortalecimento da ciência da informação em Alagoas
A ideia de integração entre informação, tecnologia e sustentabilidade, tema central do seminário, dialoga diretamente com o escopo de fomento da Fapeal voltado à transformação digital e à preservação da memória científica. Nos últimos anos, a Fundação tem apoiado projetos que conectam acervos digitais e soluções de preservação documental em instituições públicas e de pesquisa.
Durante o evento, a professora Rosaline Mota ainda enfatizou a importância de parcerias como as desenvolvidas com a Fapeal, para que o conhecimento produzido em Alagoas alcance cada vez mais relevância nacional e internacional.
“A informação é a base da transformação. O SITI é um espaço de encontro entre pesquisadores, gestores e sociedade, e a presença da Fapeal nesse contexto consolida o amparo do estado com uma ciência aberta, responsável e socialmente engajada”, concluiu ela.
O VII SITI encerrou sua programação com o I Encontro Nacional de Letramento e Inclusão Digital de Povos Originários, além de conferências internacionais com pesquisadores do Peru, Reino Unido e Colômbia, reforçando o caráter global e interdisciplinar do evento.
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