Pesquisa liderada por doutorando no Rio Grande do Sul foi publicada no periódico Nature Neuroscience
Deriky Pereira

Uma inflamação silenciosa no cérebro pode contribuir para o progresso do Alzheimer. Foi a partir dessa afirmação que a edição 340 do Minutos da Ciência, publicada na última terça-feira (11) nas redes sociais de Fapeal e de Fapeal em Revista, chamou a atenção para a discussão proposta por um grupo de pesquisadores liderado pelo doutorando João Pedro Ferrari-Souza com orientação do neurocientista Eduardo Zimmer, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e que foi publicado na última quinta (6) no periódico Nature Neuroscience.
O estudo combinou exames de imagem cerebral e biomarcadores de mais de 300 participantes e descobriu que o cérebro precisa estar em um estado de inflamação para que a doença se estabeleça e progrida. O Alzheimer, por sua vez, é caracterizado pelo acúmulo de duas proteínas: a beta-amiloide, que forma placas entre os neurônios, e a tau, que se deposita dentro das células cerebrais. O que intriga a ciência é por que algumas pessoas têm as placas e nunca desenvolvem sintomas enquanto outras evoluem rapidamente?
É aí que entra a neuroinflamação — uma reação do próprio cérebro que, quando se torna crônica, acelera o processo de degeneração. E o grupo observou que o acúmulo da beta-amiloide só causa problemas quando o sistema de defesa do próprio cérebro também entra em ação. Essas células de defesa, que se chamam “microglia”, passam a liberar substâncias inflamatórias que “acordam” outra célula de suporte, o “astrócito.” Quando elas ficam ativas ao mesmo tempo, o cérebro entra em um estado de inflamação constante — e aí a doença começa a avançar.
A nova pesquisa indica que o “diálogo inflamatório” entre microglia e astrócitos pode ser um alvo mais promissor nos caminhos para o tratamento do Alzheimer, além de ajudar a compreender por que o Alzheimer varia tanto de pessoa para pessoa. É que mesmo entre indivíduos com altos níveis de beta-amiloide, o ritmo do declínio cognitivo pode ser muito diferente. E para os pesquisadores brasileiros, a presença ou ausência de inflamação cerebral pode explicar parte dessa diferença.
Clique aqui e acompanhe o programa completo. E neste link você pode acompanhar outros detalhes sobre o grupo de pesquisa.

